Líderes em tempo de Crise: princípios para seguir adiante 

Pensamentos: “Um líder deve ser possuído pelo seu objetivo final, ele deve possuir visão clara do que deve ser feito. Com esses alvos em mente, ele/ela deve ter a habilidade de influenciar outros, ganhar o seu apoio, e então pedir que eles o ajudem a atingir os alvos. No processo, ele deve demonstrar convicções firmes, mas, ao mesmo tempo, ser flexível o suficiente para incorporar idéias dos demais companheiros de equipe”. (Willian C. Fergunson).

“liderança é o esforço consciente de exercer uma influência especial dentro de um grupo no sentido de leva-lo a atingir metas de benefício permanente que supram as necessidades reais do grupo”. (John Edmund Haggai).

Texto: 2 Crônicas 2.7: Manda-me, pois, agora um homem sábio para trabalhar em ouro, e em prata, e em bronze, e em ferro, e em púrpura, e em carmesim, e em azul; e que saiba lavrar ao buril, juntamente com os sábios que estão comigo em Judá e em Jerusalém, os quais Davi, meu pai, preparou.

No texto de 2 Crônicas capitulo 2 podemos encontrar alguns princípios de liderança. Vejamos resumidamente esses princípios.

O Exemplo de Salomão

– Respeitou e honrou o seu antecessor.

Salomão soube dar continuidade a história que Davi iniciou. Davi não pôde construir o Templo, mas deixou todo o projeto pronto e acumulou o que pôde para a futura construção.

Nem todos os que semeiam terão a alegria de colher os frutos. Precisamos ter a humildade de saber que muitos dos projetos nos quais estamos envolvidos serão concluídos por outros. Da mesma forma, o sucessor precisa entender que há uma história que está sendo escrita e que cada um escreve o seu capítulo sem apagar o que foi feito.

Salomão deu continuidade às amizades de Davi, seu pai: “E Salomão enviou a Hirão, rei de Tiro, dizendo: Como procedeste com Davi, meu pai, e lhe mandaste cedros, para edificar uma casa em que morasse, assim também procede comigo” (v. 3). Ele caminhou pelas “pontes” que já haviam sido construídas.

Davi era pai biológico de Salomão. No ministério nem sempre os filhos sucedem aos seus pais biológicos. Contudo, no ministério possuímos “pais e filhos espirituais”. Àqueles que nos encaminharam no ministério, nos discipularam. Os “Elias” que chamam os “Eliseus” para os ungirem em seu lugar. Feliz é o líder que encontra um Eliseu no pé do monte. A história de Elias e Eliseu demonstra que todas as promessas ministeriais que Deus fez a Elias ao sair da caverna no monte, foram realizadas no ministério profético de Eliseu. Ou seja, o ministério de Eliseu foi uma continuação do ministério de Elias e não uma ruptura. Da mesma forma felizes são os “Eliseus” que encontram “Elias”.

Salomão reconheceu que Davi já havia preparado pessoas que trabalhariam no projeto do Templo. Aos que chegam cabe uma orientação: “já existem pessoas trabalhando. Não comesse sozinho algo que já está iniciado. É mais prudente que se junte a elas. Submeta-se às orientações que no final, o Templo estará construído e o nome do Senhor glorificado”.

– Reconheceu que não possuía toda a mão de obra necessária para desenvolver a tarefa que estava sob sua responsabilidade.

Reconhecer as nossas debilidades, nossas limitações não é demonstração de fraqueza ou de incompetência. Mas sim inteligência e reconhecimento que somos seres humanos, e, como tais, possuímos limitações. Assim como a igreja que presidimos, a Congregação que dirigimos, o departamento no qual estamos a frente…

Salomão solicitou a Hirão que suprisse algumas necessidades: “Manda-me também madeira de cedros, faias, e algumins do Líbano; porque bem sei eu que os teus servos sabem cortar madeira no Líbano; e eis que os meus servos estarão com os teus servos, e isso para prepararem muita madeira; porque a casa que estou para fazer há de ser grande e maravilhosa” (v. 8,9).

Liderar é saber trabalhar em conjunto: “meus servos estarão com os seus servos”. Como líderes na Igreja do Senhor que é composta de milhares de pessoas com dons e talentos distintos espalhados pelos quatro cantos do planeta, precisamos saber reconhecer as especialidades (dons) de cada um e trabalharmos juntos para edificar grandes projetos para um Deus que é grande e não pode ser comparado a nada e a ninguém.

O Perfil de quem estava sendo solicitado

Salomão solicita auxílio a Hirão, mas especifica onde está a sua necessidade, tanto no que diz respeito aos materiais para a construção do Templo, quanto a respeito do artesão que estava sendo solicitado.

– Deve ser alguém competente

Isso diz respeito a uma pessoa que sabe o que está fazendo. A palavra sábio pode ser traduzida aqui por especialista, ou homem competente no trabalho. Salomão especifica ao rei Hirão onde utilizaria este homem competente. Ou seja, tenho aqui pessoas capazes que o meu pai já deixou preparadas, mas me falta uma pessoa que saiba “trabalhar em ouro, e em prata, e em bronze, e em ferro, e em púrpura, e em carmesim, e em azul”. Além disso, Salomão deixa claro que deveria saber “burilar”, ou seja, saber trabalhar com o buril, “um instrumento usado na execução de gravuras em metal ou madeira. Burilar é gravar, lavrar ou abrir com buril. É considerado por alguns gramáticos como sinônimo de polir e arredondar. Isso é tarefa específica, tarefa de especialista. Não é vergonhoso solicitar ajuda.

– Saber trabalhar em equipe

Às vezes as pessoas são extremamente capazes, mas não sabem trabalhar com os outros. É como o professor que é extremamente instruído, mas o conhecimento morre com ele, pois não sabe compartilhar o conhecimento adquirido.

Da mesma forma é o indivíduo que é cheio de dons e talentos, mas é “anti-social”, não consegue estar envolvido no grupo, não consegue compartilhar suas experiências e, às vezes, no fundo é movido por um sentimento de egoísmo e narcisismo. O mito grego nos conta sobre Narciso, que ao olhar para a sua imagem refetida na água de uma lagoa, se apaixona pela própria imagem. O indivíduo narcisista não acha beleza em mais ninguém, pois só ele é belo. Todo narcisista é egoísta. Ou seja, possui um apego excessivo a si mesmo, em detrimento dos interesses alheios.

Pessoas egoístas enxergam o próximo, mas escolhem a si próprios. Além disso, são rebeldes, não submissos a autoridade, pois só ele sabe. Ninguém pode ensiná-lo.

O princípio do Reino de Deus é totalmente contrário. O princípio do Reino de Deus é compartilhar, é altruísta. Apóstolo Paulo explica esse princípio de forma majestosa em Filipenses 2:

“Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz” (v. 3-8).

Conclusão

O Rei Davi, ao orar a Deus implorando pelo perdão disse: “sustém-me com um espírito voluntário” (Salmos 51.12). Espírito voluntário pode ser traduzido por coração obediente, ensinável.
Que Deus nos ajude a completar a nossa carreira, a cumprir os projetos do seu Reino sempre com um coração disposto a obedecer, disposto a aprender.
Deus vos abençoe.

Pr. José Carlos de Lima – Presidente da UMADENE